Thursday, October 07, 2010


Como fazer discípulos de Cristo?

René PadillaSe o propósito central da missão cristã é fazer discípulos, segundo a Grande Comissão que Jesus Cristo deu a seus discípulos (Mt 28.16-20), cabe a pergunta: Como fazer discípulos de Cristo? Para começar, precisamos levar em conta que um discípulo é primordialmente um aprendiz, alguém que está em processo de formação, cuja finalidade é que o aprendiz chegue a ser como seu mestre. Sob esta perspectiva, o mandamento de “fazer discípulos” é um mandamento para formar pessoas que cheguem a ser como Jesus Cristo. 

Por certo, esta afirmação não coincide com um ensino que esteve presente em círculos evangélicos há alguns anos, segundo o qual a tarefa de discipular é formar discípulos à imagem e semelhança do discipulador. Não creio que esta tenha sido a intenção do mandamento. O Mestre por excelência a quem todos os cristãos somos chamados a seguir é Jesus Cristo. O apóstolo Paulo reconhece isto quando, escrevendo aos crentes na Galácia, lhes diz: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19). Isto não nega, no entanto, que só quem leva a sério seu próprio discipulado cristão está em condições de formar discípulos de Cristo. É por isso que o mesmo apóstolo exorta aos crentes em Corinto: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1Co 11.1). Tanto na tarefa de fazer discípulos como na de criar filhos, a pedagogia mais efetiva é a que depende muito mais do exemplo do que das palavras.

Voltemos à nossa pergunta inicial: Como fazer discípulos de Cristo? Já observamos na edição anterior que em nosso texto o verbo “matheteúsate” (“fazei discípulos”, no modo imperativo) é acompanhado por três formas verbais (gerúndios, no grego), duas das quais respondem diretamente a esta pergunta: “batizando-os” e “ensinando-os”.

O batismo é o rito de iniciação no discipulado. Este não é o momento para nos aprofundar na tradicional controvérsia entre quem pratica o batismo de crianças como sinal do pacto e quem pratica apenas o batismo de pessoas que creem, por entendê-lo como um ato consciente de identificação com Cristo. Para nosso propósito, basta destacar que na Grande Comissão se considera que o discipulado inicia com o batismo e que este é feito “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (v. 19). 

Com o batismo começa todo esse processo ao qual nos referimos anteriormente: o processo de formação do aprendiz para que chegue a ser como Jesus Cristo. Se não se leva isto em conta, corre-se o risco de fazer do batismo a única coisa que importa. Não foi isto que aconteceu com a conquista ibérica de nosso continente? Os conquistadores chegaram com um profundo sentido de missão, com a convicção de terem sido enviados por Deus. A cruz chegou acompanhada pela espada, os soldados chegaram seguidos pelos frades missionários. E, para “converter” os aborígenes ao cristianismo, se esforçaram para batizar milhares e milhares deles. Batizaram, mas não fizeram discípulos. E assim nasceram os nossos países: com massas batizadas, mas não evangelizadas. A pergunta é se hoje nós, os evangélicos, não corremos o risco de fazer o mesmo, impulsionados pelo desejo de aumentar o número de membros de nossas igrejas, mas sem a devida ênfase na missão de fazer discípulos. 

E permanece a pergunta: Como fazer discípulos de Cristo? A forma verbal “batizando-os” é apenas parte da resposta e é inseparável da que se segue: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”.

Traduzido por Wagner Guimarães
• C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral?.


A família do Pastor corre perigo!


Hoje, na década de 1990, ninguém questiona o fato óbvio de que a maioria dos pastores e suas famílias estão sofrendo pressões cada vez maiores por causa do ambiente em que estão ministrando. (3) Isso não é de surpreender quando se reflete sobre a natureza do ministério. Considere estas pressões envolvidas no Pastorado:

1. O pastor envolve-se com o humanamente impossível - lida com pecado na vida das pessoas
2. O pastor cumpre um papel que nunca se completa – resolve problemas que vão se multiplicando.
3. O pastor serve sob uma credibilidade cada vez mais questionada aos olhos da sociedade.
4. O Pastor permanece a postos 168 horas por semana.
5. Espera-se que o pastor tenha um desempenho excelente em uma ampla gama de habilidades - sendo, a qualquer hora, erudito, visionário, comunicador, administrador, consolador, líder, financista, diplomata, exemplo de perfeição, conselheiro e apaziguador.
6. Espera-se que o pastor produza mensagens fascinantes, que transformem vidas, pelo menos duas vezes por semana, 52 domingos por ano.
7. A brigada de combate do pastor é, em geral, uma força voluntária, não uma ajuda remunerada.
8. O pastor e sua família parecem viver em um aquário que todos poder observar.
9. O Pastor muitas vezes é mal remunerado, não muito valorizado, pouco reciclado e sobrecarregado.
10. Como figura pública, o pastor pode receber as mais duras críticas tanto da comunidade como da congregação.

Ninguém que reflita um pouco pode negar que o ministério é potencialmente perigoso para o casamento e a família do pastor. Mas seria isso mesmo? Ou melhor, é necessário que seja assim? Ou, mais importante, Deus quer que seja assim?

3. Marshall Shelly, We/l-Illtelltiolled Dragolls (Waca: Word, 1985), descreve em detalhes as principais pressões que a maioria dos pastores enfrentam em algum ponto do ministério.

Do livro: Redescobrindo o Ministério Pastoral, John MacArthur, Jr., CPAD